quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Wilder F. Santana


A natureza dos descobrimentos


A natureza verdadeiramente nos completa, é o constante equilíbrio entre pensamentos e instintos. O que é belo vem de dentro, ou seja, a apreciação daquilo que criamos se manifesta do interno para o externo, evidenciando seu brilhantismo.

Lembro, com relação às pedras da vida, de uma poesia de minha autoria, que diz: “As mãos não apenas acariciam, também são mãos que ferem; mãos do mundo!” Por vezes lembro que fomos feridos e rejeitados, mas a consciência de um amanhã mais reverberado nos faz alcançar a vidraça magnânima. O mito da caverna remete consciência, lucidez, cerne!

“Oh, o eterno desprezo da palavra verdade, a ganância do pecado sobre ferrugens e corpos desnudos...” Ultimamente estive mais observante para com as infinitudes da vida, e percebi o quanto as palavras nos dignificam. Infinitos, muitas vezes, são cárceres!

Libras e fibras do verde da alma (talvez cor de esperança) espelhamse na impaciência de afetos gélidos. Quem sabe amar seja estar dentro da ausência? Pode ser que um largo centro contenha danos de cada profundeza. Até imagens de um filme de terror foram vistas, antes que vidros pulassem secos, sem o sabor das imagens frutíferas...!

Atrevi-me, ontem pela manhã a conversar com algumas flores e me surpreendi com tamanha decência. Elas próprias têm toda a capacidade de formar enxágües em seu universo num só recipiente: a delicadeza do amor. Disseram–me coisas belas, inclusive relataram que o sol só nasce claro entre o amanhecer e o véu de humildade que desce dos céus.

Aprendi que é impossível se achar por muito tempo na infelicidade, porque ela é um artifício passivo. Dentre os amplos horizontes os quais sobrevoei, vi no fundo de um antro um feixe de luz. A luz era sóbria e bem–aventurada. Dava–me a ousadia de sair do assombro das partidas. A luz da amizade com certeza só não é mais contagiante do que o a do amor porque, em essência, já é gerada por ele. O sol em gozo nos ramifica, e assim formamos a árvore dos bons devaneios.

Mais uma vez as superações são capazes de dar aparição a seres vagantes. Enquanto muitos vivem libertos – entre lençóis manchados e pernas erguidas –, outros são torturados dentro de seu êxtase de compaixão.

Um dia que se passa, e eu a lembrar os melhores momentos da vida. Horas frágeis em que escrevia, lembranças de um tempo que jamais existiu! (A mudança provoca rupturas). Recordo da família, dos amigos, de como me entorpeci em alegrias. Os segredos revelados, músicas emudecidas, silêncios em severo despir. Mais um dia se aguenta nesse mundo passageiro, e eu consolome na dor de ser areia. A refletir sobre línguas e anseios. Saliva e puro sangue: eu e o meu poetar.

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